Romanceiro da Inconfidência
Da bandeira de Minas
Cecília Meireles
(...)
Atrás de portas fechadas, a luz de velas acesas
brilham fardas e casacas junto com batinas pretas.
E há finas mãos pensativas entre galões, sedas, rendas.
E há grossas mãos vigorosas de unhas fortes, duras veias.
E há mãos de púlpitos e altares, de evangelhos, cruzes, bençãos.
Uns são reinóis, uns mazongos, mas pensam de mil maneiras.
Citam Vírgilio e Horácio, refletem e argumentam,
falam de minas e impostos, de lavras e fazendas,
de ministros e rainhas e das colônias inglesas.
Atrás de portas fechadas, a luz de velas acesas
Entre sigilo e espionagem acontece a inconfidência.
E diz o vigário ao poeta:
escreva-me aquela letra, o versinho de Vírgilio,
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz ao poeta ao vigário com dramática prudência:
tenha meus dedos cortados antes que tais versos escrevam!
Liberdade ainda que tarde, ouve-se ao redor da mesa.
E a bandeira já está viva e sobe na noite imensa.
Atrás de portas fechadas, a luz de velas acesas
Uns sugerem, uns recusam, uns ouvem, uns aconselham.
Se a derrama for lançada, há levante com certeza.
Oh! Vitórias, festas, flores das lutas da independência.
E a vizinhança não dorme, murmura, imagina, inventa.
Não fica a bandeira escrita, mas fica escrita a sentença.
terça-feira, 21 de abril de 2009
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e viva o dia da incofidencia mineira
ResponderExcluircecilia meireles era um genio
Gosto dela, Cecília.... Não sou lá a pessoa que entende tudo, que compreende o sentido da coisa, mas sei que em tudo há uma beleza. Bonito texto. Quero agradecer a passada no Arruma Blog, nossa felicidade é a sua existencia e seu comentário lá. Muito agradecido pela linkagem, com certeza você ja está linkada la também, na parte de links. Blog manero^^ até mais
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